Pêlo para que te quero!

Lâmina, linha, cera, LASER... Mas afinal, como devo remover os pêlos que me incomodam?

Métodos há muitos, com os seus prós e contras. Mas não é só isso que deve interessar na hora de escolher o que fazer. Patologias, alergias, derrames e/ou varizes... Tudo conta na hora de remover os tão indesejados pêlos.

Vamos por partes. Desde cedo a humanidade percebeu que conforme fazia certos movimentos, se cobria com este ou aquele "casulo" ia perdendo pilosidade. E basta pensar que a Austrolopitecus Lucy, um dos primeiros hominídeos a ser documentado, era bastante peluda, sendo mais parecida com um primata do que com um humano. Com a evolução do Homem, o pêlo foi-se perdendo, muito por culpa de actividades que foi adoptando, como a caça, pesca, a necessidade de um lugar para se fixar em comunidade, a descoberta do fogo! Deixou de ser necessário tanto pêlo para manter a temperatura corporal, a própria pele dos animais caçados ajudava a aquecer.

Podemos considerar que o pêlo começou a erodir. O constante roçar de membros, capas da pele dos animais, até mesmo a exposição ao fogo, foram desgastando a superfície da pele e o pêlo. Embora pouco usado actualmente como método depilatório, na 2a metade do século XX era bastante utilizado, com rolos de lixa ou discos cortados à medida. Hoje em dia podemos verificar em algumas zonas do corpo (tanto masculino como feminino) que há erosão e diminuição da quantidade de pêlo em áreas que estão em constante contacto com a roupa.

Outro método que chegou aos dias de hoje, embora com algumas mudanças, é a epilação com cera. No Antigo Egipto, uma das características de beleza mais apreciadas era ausência de pêlo, quer corporal como capilar (sim, até as mulheres eram carecas!). 

Com isto, começaram a notar que podiam utilizar outras matérias primas para eliminar o pêlo e ao mesmo tempo nutrir a pele. Resina de árvores era uma solução, e com o tempo descobriu-se que o açúcar aquecido com água (tipo caramelo), era ainda melhor! Este método ainda hoje é utilizado, removendo-se as placas de açúcar com restos de tecido de algodão! Mais tarde, com a evolução da humanidade, as ceras foram surgindo como método de epilação mais comum. Cera de abelhas é a mais utilizada, com vários pontos de fusão para epilar diferentes zonas. 

A cera tépida ou semi-fria, que conhecemos em forma de roll-on,  é utilizada em zonas mais extensas, com o pêlo mais fino e menos denso. Não é aconselhada para pessoas com alergia à cera de abelhas, com problemas circulatórios, com problemas oncológicos à menos de 6 meses (é sempre necessário um consentimento médico), com trombos e/ou flebites.

Também existe a cera fria, que conhecemos tão bem de comprar as bandas nos supermercados! Na verdade, é uma variante da cera tépida, porque temos de aquecer ligeiramente entre as mãos antes de aplicar na zona a tratar. Porém não existe o problema de queimar ou aquecer demasiado a zona a epilar, pelo que já pode ser utilizada em pessoas com problemas circulatórios, embora com cuidado.

A cera quente, como o próprio nome indica, tem uma temperatura de fusão mais elevada. É mais densa, aconselhada para zonas com o pêlo mais grosso (virilhas, axila) ou zonas mais sensíveis, para minimizar o efeito de "puxar". Pode causar irritação da área tratada, queimadura, inchaço, alergia.

Um método antigo que foi também trazido até aos dias de hoje foi a Epilação com Linha, também chamada de depilação egípcia. Com o início da tecelagem, ao perceberem como era feita a trama dos fios, também foi possível perceber que conforme a trama era mais ou menos apertada, agarrava os pêlos e conseguia removê-los! Mas como fazer  uma trama inteira para retirar pêlo corporal? Então, na busca de alternativas, descobriu-se que ao enrolar a linha em espiral, era possível arrancar o pêlo e mais, arrancar fiadas de pêlos! Obviamente que a técnica evoluiu com o passar do tempo e nos dias de hoje há vários tipos de linhas que podem ser utilizados, inclusive já não é utilizada a boca como auxílio. É um método eficaz, mas para pequenas zonas. Já imaginou o que seria retirar o pêlo das pernas com linha? Iria demorar imenso tempo! Requer destreza e ajuda, já que a profissional tem de segurar e manusear a linha, e a cliente deverá esticar a zona a epilar com as suas mãos. Contudo, ao agarrar vários pêlos simultaneamente e a meio do seu corpo, diminui a probabilidade do mesmo se partir, eliminando-o pela raiz e aumentando o espaçamento entre sessões. Também não irrita a pele.

Falando da epilação a linha, não posso deixar de referir a tão amiga/inimiga pinça! Inicialmente não foi pensada para "pescar" pêlos, mas com o evoluir dos anos, e o desejo de retirar um ou outro pêlo que ficou para trás com outros métodos depilatórios, tornou-se num objecto indispensável! Na verdade o seu uso tornou-se mais extenso do que isso, embora muitos a odeiem porque o puxão é doloroso. O pêlo pode partir e é apenas utilizada para remover uma ou outra pilosidade mais resistente, não sendo aconselhada/utilizada para zonas mais extensas.

A mesma ideologia foi utilizada para as máquinas depiladoras. Juntam no seu cabeçal em rolo várias pinças, que vão arrancando os pêlos conforme se passa a máquina na zona a tratar. Pode ser utilizadas em praticamente todas as zonas corporais, excepto sobrancelhas. Pode ser um pouco incomodativa, por causa da dor, mas facilmente nos habituamos a ela. Pode também partir os pêlos pela haste e causar irritação cutânea.

Um dos métodos de depilação mais utilizados é a lâmina. Mais conhecida por "gillete", esta apenas foi uma das marcas que mais se desenvolveu nesta técnica. É fácil, rápida, barata e eficaz, indo aos pormenores mais escondidos, cortando a haste do pêlo junto à superfície da pele. Pode causar irritação, mesmo utilizando cosméticos que reduzam o atrito da lâmina com a pele.

Em alternativa surgiram os cremes e espumas depilatórios, compostos por químicos que corroem a haste do pêlo. Deixam a pele suave, diminuindo o risco de irritações. Porém, podem surgir alergias e não devem ser aplicados em todas as zonas corporais, como por exemplo axilas e virilha.

Em relação a métodos tecnológicos, a evolução dos mesmos nos últimos anos tem sido galopante. O principal objectivo é actuar directamente na raíz do pêlo, provocando um trauma que o iniba, a longo prazo, de crescer e nascer. São necessárias várias sessões para se conseguir optimizar os resultados.

O método mais em voga é a epilação a LASER. Com vários tipos de LASER, o mais utilizado actualmente é o Díodo; existem ainda o Ruby, o Alexandrite e o ND-Yag. Apesar de com o LASER Díodo já ser possível tratar todos os fotótipos de pele, há certos cuidados que devem ser respeitados para evitar queimaduras.

O IPL, ou Luz Pulsada Intensa, é uma variante do LASER. Embora consiga bons resultados numa fase inicial, a longo prazo é mais difícil ajustar os parâmetros de modo que seja eficaz a eliminar totalmente o pêlo. Por ser uma luz dispersante, são visíveis vários especteos de luz no mesmo feixe, de modo a que pode ter vários efeitos com o mesmo disparo (exemplo: aclarar manchas, diminuir foliculites e acne).

Tanto o LASER como o IPL não provocam dano em pêlo branco. O pêlo branco não tem capacidade de absorver a energia emitida pelo feixe destes aparelhos, reflectindo a mesma.

O único método eficaz para eliminar o pêlo branco é a Electrólise. É um dos métodos de eliminação definitiva do pêlo mais antigos, embora seja pouco utilizado por ser minucioso, moroso e doloroso. É uma mistura de correntes eléctricas que se conjugam para criar a energia certa para provocar a queimadura química na raíz do pêlo.

Sabendo agora um pouco mais sobre cada um dos métodos de eliminação do pêlo, já pode fazer uma selecção mais informada sobre qual será o mais correcto. Assim, ao falar com a sua esteticista, poderá fazer as perguntas para tirar as suas dúvidas e ficar esclarecida!

Afinal, pêlos para que vos quero?


NOTA: Desenvolvimento e mais esclarecimento sobre os métodos de depilação definitiva estarão brevemente disponíveis noutro artigo.

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