18 de Janeiro é celebrado o dia do riso. No Brasil também se celebra o dia da Esteticista. Nenhum dos dois é celebrado verdadeiramente em Portugal; não é preciso.
Somos considerados um povo sisudo, embora com um sentido de humor peculiar. Temos grande parte dos dias solarengos, mas nem por isso aproveitamos a "vitamina S" (também percebo que trabalhamos demasiadas horas sem sermos reconhecidos e recompensados por isso). Riso faz falta, alegria... Amor! Um pouco mais de paciência e fraternidade.
Esteticista de profissão, a mim ninguém de desejou um feliz dia. Em vez disso, um comentário por ter tirado uma folga! Cheia de dores (o tempo frio não ajuda, brrrrrrr), mesmo assim fui trabalhar, um pouco mais lenta, movimentos mais regrados. Um trabalho um bocadinho mais complexo que demorou um pouco mais, atrasos constantes... E a última cliente foi embora.
Doeu. Doeu no coração, doeu na alma.
Dedico o mesmo cuidado e atenção todas as pessoas que entram por esta porta. Dedico-me a 200% ou mais, em busca de solução que possa trazer bem-estar. Às vezes demoro demasiado, tenho noção disso! Mas 11 anos de profissão dão-me esse "privilégio". De fazer as coisas à minha maneira, no meu ritmo, como quero. E não consigo dizer não!
Se eu sei que consigo fazer, se considero que o meu dever é deixar bem feito ao ponto de a pessoa se sentir bem e ainda por cima conseguir embelezar, óbvio que farei. Não olho a meios, a tempo. E isso traz-me outros dissabores. Ao ponto de questionar se realmente estou na profissão certa.
Sempre considerei que foi a profissão que me escolheu a mim. Nunca, antes de me formar, fui atendida por uma esteticista. Nunca pensei que existisse tal profissão... Até ter entrado nela. Não sou esteticista para ganhar dinheiro a rodos; sou esteticista porque acredito que a estética é mais do que apenas embelezar. E é por acreditar cegamente nisso que trabalho como trabalho.
Hoje, mais do que nos últimos anos, duvidei de mim e se devo continuar ou não nesta profissão. Hoje, equacinei se não deveria seguir o exemplo de outras colegas que fecharam portas e seguiram outro caminho.
Percebo que a cliente se foi embora porque se fartou de esperar. Percebo que mesmo eu sou um pouco contestatária. E que ela apenas exerceu o seu direito de se ir embora porque não tem de se sujeitar a esperar por um serviço que tantas pessoas fazem (e tanto ou melhor que eu).